Quarta-feira de Cinzas
Enterra o meu coração
atravessado por uma lança, sinto esvair a alegria, cresci, não sou mais criança. Enterra o meu coração, de cimento e pedra, cal e solidão, faz uma poesia concreta rimando a emoção, contradizendo a paixão. Min'alma pede socorro, a vida me cobra a passagem, não quero, mas vou pagar o preço dessa viagem, o tempo passa, eu fico muda, só observando a paisagem que cresce dentro de mim, nos acordes da canção. No relógio corre o tempo, no tempo jaz a semente, finco o pé, não corro não. E o bonde do tempo corre, entregando a minha alma à comadre dona morte. O corpo seco, as mãos pousadas em cruz em cima de um corpo morto que aqui jaz na terra fria as sombras de uma alegoria de uma manhã de carnaval de uma quarta-feira de cinzas.
Regina Oliveira
Enviado por Regina Oliveira em 28/03/2013
Alterado em 17/11/2024 |