Bibinho (Mini conto)
Bibinho não vai crescer. Todo dia ele desce o morro para encontrar o Lambreta. Que morro? Morro do Ibiruçú, da Caatinga, do Macaco, sei lá, o morro. Pega a arma e corre para longe, um lugar que não existe...no mapa das autoridades , de São Paulo, do Brasil, no mapa mundi. Talves, lá seja um bom esconderijo: Onde o aço e o pó não queime; Onde a pedra não se prende; Onde a morte não encontre velas acesas; Onde os caminhos da vida não se percam: Nas pipetas; Na rotina suja que começa com o romper da aurora e termina na hora em que os zumbis ou vampiros da noite cercam, sedentos de sangue, suas presas. A mãe do Bibinho já se foi. O pai nunca veio. Bibinho não tem ninguém, até o Lambreta, hoje repousa tranquilo debaixo do chão de asfalto queimado. Bibinho corre. Ele ouviu alguém dizer que em suas mãos corre o sangue de tantas gentes: Do Juca, que era soldado; Do Caíque que morreu de overdose; Da Nathália, que só tinha 16; Do seu Hebrom , que vendia Kibe na porta da escola...tudo gente boa que vivia no moro do ouro ou da miséria, corre até seu próprio sangue vermelho de saudade, de vontade de viver. Bibinho não vai crescer. Regina Oliveira
Enviado por Regina Oliveira em 23/02/2012
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