Seu coração cigano
que entre tantos desenganos
desenganou-me do amor,
vem batendo em tantos peitos, que
já penso que não é direito
bater nos lençóis do meu leito

Troco de tempo e espaço
só para ver se me acho
na ampulheta da vida
que roubada pela morte
anda um tanto envelhecida

Seu coração cigano
se não me falha a memória
já é pirata de um barco
que em tempos outrora
guilhotinou minha alma
e o cheiro fresco da amora
fruta silvestre no campo

Faz-me falta o gosto doce
da fruta da sua boca
quando encosta na minha
na minha alma faceira
que de tanto ser a primeira
será, para sempre, sua.